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Se algum dia saires do teu canto poderás ver que há cheiros que não conheces, toques que não sentiste, cores que não misturaste. Se por acaso levantares a cabeça, verás o que nunca viste, chorarás por o que não pensaste chorar, sentirás o que julgavas não poder sentir. Experimenta não virares a página, tenta não seguires a história, imagina que a rima que se segue te-la-as que procurar bem longe de ti, onde apenas chegam aqueles que nunca souberam rimar. Experimenta não virares a página. Já tentaste fechar o livro? O que sentes agora? (Oldmirror)
Li a tua poesia uma vez mais,
poemas escritos por um rico homem, sabedor,
e por um mendigo, sem casa,
um emigrante, só.
Sempre quiseste ir
além da poesia, superá-la, planando,
mas também abaixo, onde a nossa região
começa, modesta e tímida.
Por vezes o teu tom
transforma-nos por um momento,
e acreditamos - verdadeiramente –
que cada dia é sagrado,
que a poesia - como pôr isto? –
torna a vida plena,
mais cheia, orgulhosa, ousada
de formulação perfeita.
Mas o fim de tarde chega,
eu poiso o livro de lado,
e o estrondo banal da cidade retoma -
alguém tosse, alguém chora e maldiz.
- Adam Zagajewski
Etiquetas: Adam Zagajewski
Gostei de chegar a teu espaço.
Surpreendeu-me. Muita Qualidade.
D.
a poesia é catarse, libertação ultima e unica de um mundo que nos
faz prisioneiros de tudo. até de nós
GOSTEI IMENSO de por aqui ter passado, uma fotografia belíssima e um grande poema !
Um Prazer !....
cordialmente
_________ JRMARTo
Mas há historias que precisam de ser acabadas, que precisam de um fim. Para que o livro possa ser encerrado e esquecido. closure...
deixa_me ficar com a poesia...assim só com ela. não preciso de mais nada.
impressionante como tomei isso só para mim. não posso. não devo. mas hoje preciso. e muito. e não te vou dizer porquê.obviamente. é meu.
E o medo?!
(Fizeste-me lembrar a Alegoria da Caverna de Platão.)
eu fui a criança da imagem.
(há muito que não me esticava aqui)