Há 82 anos que existes. Há 82 anos que fazem questão de te esquecer. Mas nunca nos deixaste sem uma palavra, não o querias, eu sei; mas mesmo assim roubamos-tas, são nossas também. Sabes, és bem mais que palavras e carne, sabes que também és emoções, sentimentos. Há 82 anos que nos ensinas a sentir melhor. Eles que esqueçam, nós cá estaremos para continuarmos a roubar-te. (Oldmirror)Não adoro o passadonão sou três vezes mestrenão combinei nada com as furnasnão é para isso que eu cá andodecerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luizdecerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava Joãonenhuma nenhuma palavra está completanem mesmo em alemão que as tem tão grandesassim também eu nunca te direi o que seia não ser pelo arco em flecha negro e azul do ventoNão digo como o outro: sei que não sei nadasei muito bem que soube sempre umas coisasque isso pesaque lanço os turbilhões e vejo o arco írisacreditando ser ele o agente supremodo coração do mundovaso de liberdade expurgada do menstruorosa viva diante dos nossos olhosAinda longe longe essa cidade futuraonde «a poesia não mais ritmará a acçãoporque caminhará adiante dela»Os pregadores de morte vão acabar?Os segadores do amor vão acabar?A tortura dos olhos vai acabar?Passa-me então aquele caniveteporque há imenso que começar a podarpassa não me olhas como se olha um bruxodetentor do milagre da verdadea machadada e o propósito de não sacrificar-se não construirão ao sol coisa nenhumanada está escrito afinal- Mário CesarinyEtiquetas: Mário Cesariny