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PARA O ARTUR
Foda-se pá, morreste na altura errada. Havia muito que fazer agora. Não queres reconsiderar? Falta-nos aquela cerveja, aquela jantarada. Falta-nos ainda muito jogo pela frente, muito barulho dos pavilhões. Há demasiadas páginas a preencher, alguns caracteres para escolher. Fazes falta, por aí. Vá, anda, dou-te boleia, e prometo que só saímos depois do almoço. Foda-se companheiro, sempre ouviste mal, tens a certeza que o apito era o de fim de jogo? Não seria apenas o fim da primeira parte? Sempre valeste mais que uma simples breve. (Oldmirror)
E, todavia, sei-o hoje, só há um problema para a vida, que é o de saber, saber a minha condição, e de restaurar a partir daí a plenitude e a autenticidade de tudo – da alegria, do heroísmo, da amargura, de cada gesto. Ah, ter a evidência ácida do milagre do que sou, de como infinitamente é necessário que eu esteja vivo, e ver depois, em fulgor, que tenho de morrer. A minha presença de mim a mim próprio e a tudo o que me cerca é de dentro de mim que a sei – não do olhar dos outros.
- Virgilio Ferreira
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acho que era o teixeira de pascoaes que dizia que existir não é pensar. é ser lembrado.
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só se morre quando se esquece...
lamento a tua perda.
oh...
um abraço, M.
beijo*