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Disfarçando a infelicidade com risos nervosos e humor mordaz, nunca reconheceu que foram eles os culpados do seu ódio. Tornara-se extrovertida para que a rejeição que também vivera se tornasse imperceptível. Mas para si jurara que nunca mais viveria por eles, não queria mais o amargo sabor das feridas que lhes foram depositadas no coração e no orgulho que aos poucos fora perdendo. Ria-se muito, mostrava toda a sua inteligência e dava tudo por uma massagem aos seu ego. Era admirada e isso tornava a sua infelicidade um pouco mais suportável. Mas o pior vinha ao cair da noite nos raros momentos em que ficava sozinha e por isso evitava-o. A solidão despia-a, quase tanto como o amor que tão mal a tratou e os amantes que tanto lhe disseram não. Ela, que não pode impedir que os sonhos a acompanhem no sono, continua a querer muito, por isso mesmo continua a lutar muito para que as noites sejam breves e que as insónias a invadam, porque de olhos abertos ele pode sempre ser o que quiser e não o que o coração manda. (Oldmirror)
Um incandescente pulmão
espera no Norte
pelo cigarro do Sol. O teu
rosto adormecido parece
uma mensagem. Mas quem
a envia? Muito caminhámos
lado a lado
no inclinado caminho dos anjos.
Por fim as pedras tornaram-se
em escuridão, mas o rosto
de um homem é mais claro que
o seu pensamento, o seu nome
mais profundo que a escuridão
dos sentimentos onde
está fechado. Agora
a noite noite é insensível ao dia
agora o teu sono é todo crepúsculo
que resta.
- Gösta Agren