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Ainda não, António, ainda não é tempo de te olhar nos olhos, nem tempo de te conhecer. Esperarei um pouco mais, esperarei para sempre sem nunca chegar o momento. Temo conhecer-te, temo que a sensação de vertigem sentida nos farrapos que te roubei seja a vertigem que me leve à confirmação do desencanto pessoal. Terás que esperar António, provavelmente, terás apenas a espera pois sinto que se um dia for chegado o dia, será o último daqueles que até agora fui conhecendo. Por isso tenho medo, pavor de ser e não ser aquele que julgo ser sem ainda te ter olhado nos olhos. (Oldmirror)
Não acreditava que um dia destes chegasse. E agora, Março de 2007, veio com a brutalidade de uma explosão no peito. Não imaginava que fosse assim, tão doloroso e, ao mesmo tempo, tão pouco digno como a velhice e a decadência. Tão reles. O olhar de pena dos outros, palavras de esperança em que não têm fé...
- A. Lobo Antunes
Etiquetas: António Lobo Antunes
belíssimo post.
por estes e outros, é que vc está linkadíssimo no meu.
abraço.
Muito obrigado em dose dupla; pelo elogio e pelo link um pouco intimidante, é certo.
Oldmirror