2/26/2007

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[Todd Stoddart.06 perfumed by Jasmin]
Resignamo-nos ao incontornável e acabamos felizes. Somos bafejados por momentâneos períodos de lucidez e depressa regressamos à vertigem de uma vivência afastada da normalidade por uma opção feita há demasiado tempo para que as suas motivações sejam ainda recordadas. Fomos ficando, pronto. (Oldmirror)
Fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto dentro de mim: será que vou morrer? olhas-me e só tu sabes: ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer: amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga.
- José Luís Peixoto

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