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Nunca fora voyeur. O que o levava a espreitar pela janela, olhando o prédio em frente, onde quase todas as noites aquele casal se envolvia, como se fosse a primeira vez, era a sensação de olhar para um espelho que o projectava ao passado. Também ele se envolvera, esquecendo as cortinas, ignorando os ruídos fazendo de cada momento o último à face da Terra. Ao vê-los não evitava um sorriso melancólico. Há muito que esquecera a vertigem do sentimento que o levava a abrir a janela do quarto ao Mundo. (Oldmirror)
Enquanto não vivi a minha própria vida, enquanto a vida alheia me levava nas suas ondas, enquanto acreditava que a vida tinha sentido, embora eu não fosse capaz de o exprimir, todo o género de reflexões da vida na poesia e nas artes me dava alegria; eu tinha prazer em mirar a vida no espelhinho da arte; porém, quando comecei a procurar o sentido da vida, quando senti a necessidade de ter a minha própria vida, esse espelho tornou-se inútil para mim, ou então ridículo, ou então torturante.
- Léon Tolstói
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suas imagens são incríveis! Achei meu canto! Gostei daqui!
Beijos!