11/17/2005

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[From Almazul]

Apenas no fundo de um silêncio profundo se consegue escutar o barulho de um coração a bater agitado.
Só na ténue luz que dá conta de que vivemos se secam as lágrimas de uns olhos cansados de tanto ver, de tanto mostrarem aquilo que nunca se viu e se sentiu.
Só no negro de um corpo encolhido disfarçamos o frio que nunca quisemos que vivesse cá dentro.
Os dedos tocam na porta, nunca a abrirão.
Os braços abraçam enternecidos os joelhos, nunca os substituirão.
A boca não beija, nunca se abrirá.
A pele toca-se sozinha, nunca conhecerá a outra.
Falta pouco, muito pouco, para que também os sonhos acabem. Mas eles insistem, ainda se pintam de verde, de mar, de música, de ar. Talvez desistam. É preciso que desistam.
Fecha-se mais a alma, a boca, os olhos.
Cerram-se mais os punhos.
Soltam-se mais as lágrimas.
Não, ainda vivem. Mas porquê? O que os motiva?
É preciso fechar um pouco mais a luz.
É preciso um pouco mais de chuva.

(Oldmirror)
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