4/10/2006

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Aprender a inocência quando julgamos nada mais ter a descobrir. Descer bem mais fundo quando pensavamos já lá ter estado e voltado para contar. Chorar bem mais forte quando as lágrimas que já vertemos nos pareceram um oceano. Sentir os arrepios mais frios quando a vida já nos tinha colocado um cobertor por cima. Voltar ao zero quando já estavamos bem perto do fim. Reformular o conceito de amor, quando a definição que tínhamos nos era perfeitamente suficiente. Sermos capazes de gritar depois de termos aprendido que a falar lá chegariamos. Pedirmos para recomeçar depois de envergonhadamente ficarmos a saber que nada fizemos. Lamentarmos que o centro do mundo tenha sido mal calculado. (Oldmirror)

Amo
– lançando-se contra moinhos de vento gritava Dom Quixote.
Amo
– envenenado de céus gritava Othello.
Amo
– recostado em Ossian soluçava Werther.
Amo
– tremendo nas carruagens de Jasvin repetia Vronski.
Amo
– separando-se de Grusenka sonhava Dimitri Karamazov.
Amo
– brandindo a espada recitava Cyrano.
Amo
– regressando do comício sussurrava Jacques Thibault.
Amo
– gritaria também o herói de um romance contemporâneo, mas o autor não lho permite.

Não está na moda.
O amor já não é contemporâneo.

- Izet Sarajlic
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