7/24/2008

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Num cárcere voluntário, a vida pintada de cinzento quando as cores disponíveis iam bem mais longe do que as primárias, a reclusão imposta a um peito que renunciou à primeira bala, a auto-flagelação desenhada por uma mão incapaz de se estender e agarrar os destroços que boiam ainda que sem destino, a recusa de olhar para a frente sem vislumbrar a perpétua sentença, a ortodoxia do sofrimento, o olhar para uma vida sem aceitar que é feita de ramos, muitos ramos, de raízes muitas raízes, todas elas sequiosas de água, todas elas insusbstituíveis para que a árvore se mantenha verdadeiramente de pé.
Eis um retrato de uma árvore que morreu de pé e nada fez para se manter viva. Eis um retrato de uma árvore que se enche de vaidade por estar de pé ainda que morta, esquecendo-se que de nada vale manter-se em pé estando voluntariamente morta. (Oldmirror)
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