Sem ruído, abre a arca devagar. Sente medo de espreitar. Custa-lhe ainda entender que sempre ali estivera, quase perto, e sempre a procurara. Agarra-a como se de cristal se tratasse. Ergue a tampa e vê-os. Ali estavam estavam eles...os sonhos. Existia, afinal, a arca dos sonhos. Ainda precisava de os reconhecer, saber interpreta-los, saber como lhes tocar, entender quais poderia reclamar como seus. Estavam ali, na arca, os sonhos. Pensava agora que guardaria só para si aquele baú que sempre procurara. Pensava agora que precisaria de tempo para aprender a mexer no tesouro delicado e desejado. A arca dos sonhos era sua. A tampa fora aberta. Vira-os lá, estavam lá todos. Agora, devagar, iria conta-los, classifica-los, saber mima-los para no fim, a arca e os sonhos deixassem de ser um sonho. (Oldmirror)Alguma vez amastePelo prazer puroDe amarDeste porventura jáUma dentada numa maçãPelo sabor do frutoA sua doçura e saborPerdeste muitas vezes o Norte?Sim, já ameiPelo prazer de amarMas a maçã era duraE rachei a dentaduraEssas paixões imaturasEsses amores indigestosMuitas vezes me fizeramCair doenteMas um amor que duraDeixa os amantes exaustosE os seus beijos passadosApoderecem-nos a línguaMas os amores fugidíosConhecem tão fúteis febresE os seus beijos tão verdesEsfolam-se contra os lábiosPorque se quiseres amarPelo puro prazer do amorO verme da maçãPode escapar-se pelos dentesE comer-te o coraçãoO cérebro e tudo o restoEngelham-nos lentamenteMas quando ousamos amarPelo puro prazer do amorEsse verme da maçãQue nos escapa pelos dentesPode o coração perfurmar-nosBem assim como o cérebroE deixar-nosO seu aroma cá dentroMas os amores fugidiosVêem tão fúteis esforçosAs carícias passageirasPodem gastar-nos o corpoMas um amor que duraAos amantes menos belosAs carícias à medidaDos rumos da nossa pele.-"Canções de Amor", filme.Etiquetas: Bandas sonoras