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Desta vez, Machado, não foi o sono que te surpreendeu. (Oldmirror)
Lavei os dentes e voltei para a cama. Li algumas páginas de Bradbury sobre marcianos. Meu bom Bradbury, companheiro das estrelas, filho de Deus esquecido na Terra, a que bolsos sem fundo vais buscar os teus tostões de poesia? Peguei a seguir num livro de poesias de Rilke, mas comecei a sentir as pálpebras pesadas. Não me iludi. Para mim, sentir as pálpebras pesadas não é a certeza de dormir. Muitas vezes, fico de olhos fechados, esperando que o sono venha, muito quieto, para que o sono me surpreenda. Continuei a ler Rilke como quem lê fórmulas de medicamentos ou um jornal às avessas. A certa altura, pressenti que o sono chegava. Lá vem ele, o velho e renitente amigo, o estupor.
- Dennis McShade [Dinis Machado]
- Dennis McShade [Dinis Machado]
Etiquetas: Dinis Machado
Que será de nós sem todos eles...