Há pedaços de mim que nem eu próprio ainda descobri. Há bocados de vida que não me lembro se vivi mas que existem sempre que me vejo frente-a-frente comigo mesmo. Há palavras que procuro sabendo no entanto que nunca as acharei. Foi em mim que explodiste os estilhaços, aparei-os de braços abertos porque nada havia a temer, pois no peito onde deixaste os despojos, nada havia antes deles. (Oldmirror)Na lista dos teus fins venho no fimde uma página nunca publicada,e é justo que assim seja. Embora saibamexer palavras, e doer de frente,e tenha esse talento conhecidode acordar de manhã, dormir à noite,e ser, o dia todo, como gente,nunca curei, como previa, a lepra,nem decifrei o delicado enigmada letra morta que nos antecede.Por muito te querer, talvez pudessesdar- me um lugar qualquer mais adiante,despir- te de pudor por um instantee deixá-lo cobrir-me como um manto.- António Franco AlexandreEtiquetas: António Franco Alexandre