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Não há excessos cometidos, viagens distantes, alcoól consumido, cigarros queimados e camas visitadas, tempo perdido que apaguem as vozes que ecoam na cabeça: não sabes como foi, não sabes como seria. Ainda não o fizeste. O livro mantém-se inacabado. Há parêntesis que não preencheste. Há regressos incontornáveis.
Há cheiros entranhados, sabores que permanecem, toques que ainda moldam os corpos que não regressaram à sua forma inicial. Mas há sons a desaparecer, imagens a desvanecer e vozes a ecoar: ainda não o fizeram. (Oldmirror)
(Tu és
negro.negro.negro)
Escolho-te quando desmancho a cama enquanto durmo.
E acordo sem saber qual é a marca do teu corpo.
- Teresa Alves
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desfaz_se
desmarca_se
não gosto dessa fase.
" Sufoca não ter a abundância do teu negro. Sentir-me mergulhar dentro de ti até me retirares o ar. Deixares de ser meu num espaço de vida da tua pele. Existe ainda o sabor da tua pele que pousou sobre os meus ombros, intacto. A última vez. como serão escritas as juras? numa rocha ou na areia? Preciso-te. de abandonar a tua cama pela manhã. cessar o caminho no vazio que são as tuas noites. enquanto me sujas. Perder-te. porque a minha luz faz-te sair de ti. Talvez seja tempo, e não chega. Agarra-me porque te irei ocupar. Há esta história por contar, procura-me no intervalo dos teus sinais. Fecha a porta e percorre-me. por dentro." Teresa Alves