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Leitor: Já o leio há anos e não consigo vislumbrar-lhe uma única luz, uma única réstea de boa disposição...Eu: Mas consegue vislumbrar alguma coisa?Leitor: Imensas, se assim não fosse não continuaria a vir lê-lo todos os dias, ávidamente.Eu: Só lhe posso então dizer duas coisas: 1º - consegue mais do que eu que nunca vislumbro o que quer que seja nas palavras que me saem; 2º - faz mal vir ler-me, ainda por cima ávidamente, todos os dias, porque sem luz e boa disposição a saúde tende a esvair-se.Leitor: Mas não o quis criticar, tem um estilo muito seu, incrivelmente viciante.Eu: Mas quis eu criticar-me. Quanto ao estilo, bom, parece-me que a falta de luz gera dessas confusões.Leitor: E há o amor, as emoções, as relações, os sentimentos, o erotismo, o sexo nu e cru...Eu: E há a necessidade de encerrar esta entrevista... (by mail)Eu vagueava no ouro do vento,declinando o refúgio das aldeiasonde o meu coração fora violentamente despedaçado.Da dispersa torrente da vida estagnada extraíra eu o leal significado de Irene.A beleza desfraldava-sedo seu fantasioso invólucro,dava rosas às fontes.A neve surpreendeu-o.Ele debruçou-se sobre o rosto aniquilado,bebeu dele a superstição em longos tragos.Depois afastou-se,movido pela perseverança daquele marulho,daquela lã.- René CharEtiquetas: René Char

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