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Nem sempre as palavras são a melhor forma de expressão e por vezes o olhar não chega para que nos façamos sentir. (Oldmirror)
Chegámos ao amor pelos mapas vincados da solidão. Quando o veneno das últimas memórias se diluiu no sangue (como o orvalho se evapora dos salgueiros assim que março começa a conspirar), o nosso silêncio gritou para que alguém o escutasse. Despimos, pois, as estátuas um do outro sem o temor de perturbarmos o coração da pedra, e descobrimos que a nudez era a única ponte que entre nós se estendia. Nas imensas noites que se abateram sobre nós, os nossos corpos deixaram de pertencer ao mundo: foram como essas aves surdas que se afastam do bando, eternamente indiferentes ao apelo do Verão. Por isso creio agora que o amor não passou de uma desculpa para juntarmos os nossos desamparos, e não estranho sequer que lábios castigados por tantos beijos como foram os teus nunca tenham nomeado essa doce fadiga que sucede a um abraço, nem me pergunto porque, ao fechar os olhos, são hoje ainda as linhas do teu rosto que as sombras teimosamente me devolvem.
- Maria do Rosário Pedreira (após realizada uma autópsia à decadência)
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não consigo olhar_te fico estática não consigo tocar_te fico parva não te consigo chegar.
é a isto que se chama infelicidade? pois então que seja assim visto mais nada me dares
: )) ; )
As sombras que vêjo assim que fecho os olhos são as rugas vincadas de quando te rias depois de fazer-mos amor... Continuo a chorar as mesmas lágrimas daqueles dias em que acreditava que ias partir.
Partimos os dois. Partimos sem qualquer bagagem cheios de mundos que já não são o nosso.
Perdemo-nos algures entre as sombras das árvores do nosso jardim ou deixamos que o sol nos cegasse na sua hora mais forte!
Sei que a ideia do amor e da entrega plena ficou. Apenas gastamos tudo. Restam agora gritos mudos e sorrisos sem expressão.
lindaaa..