4/12/2011

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De braços caídos, olhando em redor confirmando a encruzilhada de becos sem saída, dava por si com a certeza de que chegara ao fim da linha. Com algumas pontas soltas, umas maiores que outras, tornava-se óbvio que, para além delas, de pouco valeria a permanência. A verdadeira dúvida era a melhor forma de permanecer enquanto isso fosse um imperativo e até aí a encruzilhada mudava de formato. (Oldmirror)

Olho para o papel branco (afinal um tudo-nada pardacento) sem a angústia de que falava Gauguin (ou era Van Gogh?) ao ver-se em frente da tela, mas apreensivo, apesar de tudo. Que vou eu escrever - eu, a quem nada neste mundo obriga a escrever? Eu, antecipadamente sabedor da inutilidade das linhas que neste momento ainda não redigi, dentro de alguns minutos (de alguns anos) finalmente redigidas?

Não sei: folheio ao acaso a página cento e quinze do meu caderno, ainda branca, ainda parda, e pergunto-me: daqui a dois, a três, a quatro meses, quando a alcançar - se a alcançar - , terei escrito uns milhares de palavras. Que palavras?

- Augusto Abelaira

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