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ao sepulcro das estantes, ao amor
demos um colo de horas certas,
deixámos de abrir janelas
para cheirar a noite.
já nada nos lembra
que o poema só se forma
no fio da navalha.
- Renata Correia Botelho (mergulhada no arrozal)
Numa violenta hipotermia emocional acresce a certeza que os cobertores estão todos indisponíveis até porque habitualmente só abundam pela Primavera e pelo Verão. Sempre que faz frio, sempre que o escuro é ainda mais escuro, preferem recolher ao conforto dos seus armários onde, comodamente, podem dizer que não viram e não ouviram. As desistências são mais vergonhosas que as imperfeições. E a nudez persistirá enquanto o Inverno e a noite vão plantando sementes. (Oldmirror)
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