8/22/2011

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E de nada valerá fazer um último balanço porque o tempo não esperou e se negativo for o resultado ser-nos-á impossível regressar à origem para recuperar o que outrora abdicámos. Viveremos mais um ano ou um século até, sem que aquilo que escolhemos volte a ser avaliado. Detemo-nos uns dias, uns meses, procurando avançar, reunindo explicações, coleccionando chavões, e as luas ajudam-nos a seguir. Mas chegará o dia em que, cansados, acabados, preparados, não conseguiremos evitar um último balanço e aí; aí provavelmente escolheremos o derradeiro e hipócrita chavão que nos impede do genuíno arrependimento, mas também aí somos mergulhados na mais corrosiva e permanente amargura. Mas aí, será tarde e será ela a última das companhias. (Oldmirror)
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Quando fores velha, grisalha, vencida pelo sono,
Dormitando junto à lareira, toma este livro,
Lê-o devagar, e sonha com o doce olhar
Que outrora tiveram teus olhos, e com as suas sombras profundas;
Muitos amaram os momentos de teu alegre encanto,
Muitos amaram essa beleza com falso ou sincero amor,
Mas apenas um homem amou tua alma peregrina,
E amou as mágoas do teu rosto que mudava;
Inclinada sobre o ferro incandescente,
Murmura, com alguma tristeza, como o Amor te abandonou
E em largos passos galgou as montanhas
Escondendo o rosto numa imensidão de estrelas.
- W. B. Yeats

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