7/04/2006

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E passou a vender tudo. Vendia palavras. Vendia gestos. Vendia afectos. Vendia a própria alma se fosse convencido de que ela ainda valia um mísero cêntimo. E passou a deitar fora as memórias. Rasgava cartas. Rasgava jornais. Rasgava a roupa que trazia colada ao corpo se isso o fizesse lembrar. E passou a esperar. Esperava a vida. Esperava a morte. Esperava por tudo e por nada apenas porque nada mais lhe restava para fazer. (Oldmirror)

-Ainda me amas?
O coração batia-me no peito como se a alma quisesse abrir caminho e desatar a correr.
-Diz-me que sim.
... à falta de palavras, mordi a voz.
Não digo que te amo por ter possuído o teu corpo, mas sim por ter roçado a tua alma. Se pudesse estar apenas perto de ti, a ouvir a tua voz e a demorar o meu olhar sobre o teu, ter-te-ia amado na mesma...

- Possidónio Cachapa

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5 Comments:

Blogger Ana P. said...

Vale a pena ler estas palavras....
E como a pequenina diz...restava-lhe sentir, pois é no sentir que desperta tudo o resto..

Beijinho

7/05/2006 10:42:00 da manhã  
Blogger Cecilia M said...

"Não digo que te amo por ter possuído o teu corpo, mas sim por ter roçado a tua alma." é mesmo isso, o amor, tocar almas...
Obrigada pela tua visita gostei de te descobrir... e espero ir descobrindo mais palavras...
fica bem

7/05/2006 12:25:00 da tarde  
Blogger Cecilia M said...

" E passou a esperar. Esperava a vida. Esperava a morte. Esperava por tudo e por nada apenas porque nada mais lhe restava para fazer." se tudo vendeu e nada deu que poderia mais esperar... se vendeu sonhos, vontades, imaginação... agora limita-se a sobreviver...

7/05/2006 12:27:00 da tarde  
Blogger [ t ] said...

(sobreviver) é uma palavra demasiado pequena. demasiado nada. amanhã, talvez, passe e continue a reler Possidónio Cachapa.

7/06/2006 12:05:00 da manhã  
Blogger inBluesY said...

a ausência é sempre reveladora. Nem sempre é entendida no seu todo.

7/06/2006 08:45:00 da manhã  

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