6/20/2006

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Uma vez mais levanto-me sozinha. Lentamente. Uma vez mais o lado direito da cama mantém-se intacto, sem o cheiro forte da sua presença, sem os gestos largos do seu corpo, sem a cadência do seu respirar. Uma vez mais acordo sem que me acordem. Acordo sem acordar ninguém. Uma vez mais apenas imaginei como seria deixar-me estar deste lado, quieta, apenas guardando o seu sono. Apenas imaginei o seu sorriso. Apenas imaginei a noite e o calor do corpo que me faria sentir o fresco dos lençóis. Uma vez mais só o calor da água do banho que tomarei sozinha me fará imaginar o banho a dois onde a água morna se torna mero adorno. A vida que exigi roubou-me os momentos oferecidos e o lado direito da cama manteve-se intacto. A tranquilidade que pedi apagou o sobressalto da presença inesperada e o lado esquerdo do meu peito manteve-se vazio. (Oldmirror)

São tantos os silêncios da fala
De sede
De saliva
De suor
Silêncios de silex no corpo do silêncio
Silêncios de vento de mar e de torpor
De amor
Depois, há as jarras com rosas de silêncio
Os gemidos nas camas
As ancas
O sabor
O silêncio que posto em cima do silêncio usurpa do silêncio o seu magro labor.

- Maria Teresa Horta

2 Comments:

Blogger inBluesY said...

bonito tom em feminino

6/20/2006 05:23:00 da tarde  
Blogger jasmim said...

quebrando o tom monocromático, gosto deste

6/22/2006 07:31:00 da tarde  

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