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Entrámos na cama como no campo de batalha. A guerra vence-a quem mais tocar, quem mais amar, quem baixar a guarda e não pedir a protecção dos deuses. Num castelo erguido com os lençóis negros que esperam os brancos despojos de uma luta sem tréguas, combatemos de olhos fechados e sentimos prazer nas marcas que deixámos. Recusámos as armas e defrontamo-nos de mãos nuas, prescindimos de armaduras e nus caímos voluntariamente na arena. Estavamos decididos a morrer ali mesmo já sem forças para seguir em frente, já sem fôlego para o que quer que seja. A estocada final mata-nos aos dois e, abraçados, gelados pelo suor que começa a esfriar, sentimo-nos mortos, sentimo-nos vivos. (Oldmirror)
Etiquetas: Eugénio de Andrade
fotos inquietantes sim.
(vi recentemente n me recordo foi onde)o texto mantém a altura.
Que prazer tão sublime...Fiquei gelado de emoções, a torcer de sensibilidade...( Somente nas fotos)
Pequenina,
Ninguém vence, se alguém vencer, perdem os dois. Obrigado por passares por cá e perderes tempo para olhares estas palavras soltas.
Tem dias que é assim mesmo, como num campo de batalha. E só guerreando é que se alcança e satisfaz o desejo. Como num campo de batalha, tal e qual!
;)