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Tentava, tentava desesperadamente remendar os buracos feitos pelo tempo. Passava horas tentando encontrar o ponto ideal para fechar aquele vazio, mas nunca conseguira. Os dedos picados em ferida, a alma fugida e as lágrimas, as lágrimas eram as grandes culpadas, embaciavam-lhe os olhos que assim se enganavam. Os remendos nunca eram suficientes, nunca iriam substituir o pedaço que ali esteve e que se gastou, rasgou, acabou. De pedaço em pedaço, ali, sem desviar os olhos para o lado, tentando não perder tempo, a vida ia-se esgotando, a vida ia fugindo pelo buraco onde ainda não havia remendo que tapasse, nem linhas que o unisse. Por vezes, lembrava-se que houve um tempo em que não era preciso tapar o buraco, porque ele não existia, por vezes, lembrava-se que antes de se sentir esvaziar lentamente, antes de ver a vida escorrer-lhe por onde a alma já saíra há muito, havia um peito aberto onde todos podiam ver um coração bater...inteiro. (Oldmirror)
Nem sempre sou igual ao que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem em mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma...
- Alberto Caeiro
mas, apesar da existência de remendar existia o tentar, e tentar não é pouco, Tentar é muito ao longo de um Tempo ...
tentar remendar pese a saudade.
não sei quem és... mas se és fan dos Sigur Rós... gosto de ti desde já!!!!
vai aperecendo
Muito boa esta ligação das tuas palavras (ai, como são complicados esses remendos!) ao poema de Alberto Caeiro.
Gostei muito do que por aqui li.
Beijos
Gostei muito do que escreveste aqui.
Bom dia e beijinhos