11/24/2006

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Caminhar saboreando cada passo dado nas ruas escurecidas pelas nuvens carregadas de desgosto e de lágrimas ainda por chorar. Esvaziar o peito de ar e deixar que a alma adormeça para olhar em volta e ver todas as outras almas. Olhá-las com atenção, ver cada sorriso, cada ruga, cada angústia revelada no gesto nervoso de quem ainda não escolheu a direcção a seguir. Olhar a vida dos outros em cada olhar fixado no chão onde moram os pensamentos de vidas mais cinzentas dentro de quatro paredes que as nuvens pesadas fora delas. Seguir lentamente. Virar as esquinas com a certeza de não encontrar nada de novo. Ver a vida pulsar por fora porque por dentro há muito que o coração deixou de pular para bater num cadenciado que anuncia a certeza de corpos adormecidos, apenas resistindo. Há vida lá fora com morte por dentro. Quantos sorrisos são lágrimas? Quantas certezas são dúvidas? Quantas mudanças são só continuidades? Quantas qualidades apregoadas são cortinas do amor próprio atraiçoado? Afaga-las, é preciso afaga-las. (Oldmirror)

My love and I, we work well together
But often we're apart
Absence makes the heart lose weight,
Till love breaks down, love breaks down
Oh my, oh my, have you seen the weather
The sweet September rain
Rain on me like no other
Until I drown, until I drown
When love breaks down
The things you do
To stop the truth from hurting you
When love breaks down
The lies we tell,
They only serve to fool ourselves
My love and I, we are boxing clever
She'll never crowd me out
Fall be free as old confetti
And paint the town, paint the town
When love breaks down
You join the wrecks
Who leave their hearts for easy sex
When love breaks down

- Paddy McAloon

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2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gosto de fazer isso que descreves. Observar os desconhecidos. Ler os gestos deles. Perceber as fachadas. Especular sobre o que os atormenta. O ser humano nunca se cansa de me surpreender.

11/24/2006 06:06:00 da tarde  
Blogger Mia said...

passos dados na cadencia do esquecimento...
passos tolhidos pelo torpor que nos adormece...
passos que nos levam numa qq direcção, sem rumo...
olhar a vida que passa, seguir sem nos determos nas resteas de luz...
vidas que cruzamos não tao diferentes das nossas...

11/26/2006 05:12:00 da tarde  

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