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...duas existências feitas das mesmas palavras e dos mesmos sentidos. Duas existências que se cruzam na troca de letras e que vão sentindo que mesmo sem infringir a lei a distância se vai encurtando centímetro a centímetro, letra a letra, borboleta a borboleta. E a história não acaba aqui. Sigo a rota dos roazes, mergulho de cabeça e evito perder tempo a respirar, mas nado lentamente, como quem dorme, não dormindo, mas esperando, tentando não tentar adivinhar o final da história. (Oldmirror)
Vejo esta situação, com a nitidez do fotógrafo:
a cabeça pousada na mão direita, um cigarro
preso aos dedos, o olhar perdido em quase
nada. Invento a imagem que se forma
na tua cabeça, a partir desse nada: uma
nuvem; e por dentro dessa nuvem, todas
as formas do sonho. Porém, o céu não
te perturba o pensamento; nem os ventos
que trazem e levam as nuvens, como
barcos, no oceano da tua memória. E
volto à situação inicial: tu, sentada à
mesa, para que eu te pudesse fixar
com a nitidez do fotógrafo, olhas-me,
como se eu estivesse à tua frente; e
o teu olhar apaga o tempo e a distância,
desfocando a imagem, como se o fumo
do cigarro te envolvesse o rosto, e
te trouxesse de volta a mim, como
nuvem, ou sonho, que o vento dissipa.
- Nuno Júdice
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No fim tudo acaba be, se não está bem, é porque ainda não chegou ao fim..
Beijos
Ana, conheces o termo "eterno insatisfeito/a"?
Bjos
A magia de uma pagina em branco.
Adivinham-se os contornos das personagens, o olhar, os gestos, os sons, os cheiros, o toque, o meio onde se deslocam, onde existem...
A magia da história que começa agora a ser contada. A ser partilhada.