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Vasculho no interior um pedaço de memória que me faça lembrar que existi antes de me tornar neste livro branco. Leio a história da frente para trás em busca das frases que compuseram o poema e apenas vislumbro reticências e interrogações, uma ou outra exclamação, sempre nos momentos em que o rumo da história se aproximava de um final feliz. E se é verdade que não existi antes e que existem dúvidas quanto à existência depois? Reconheço, escasseiam as memórias passadas e as futuras memórias, no entanto, o presente está bem presente, mesmo que exista apenas como estrada sinuosa onde busco o caminho que me ensine como chegar ao passado sem ter que passar pelo futuro. (Oldmirror)
Mas em que pensava eu antes de me perder a ver? Não sei.
Vontade?
Esforço?
Vida?
Com um grande avanço de luz sente-se que o céu é já quase todo azul. Mas não há sossego - Ah, nem o haverá nunca! - no fundo do meu coração, poço velho ao fim da quinta vendida, memória de infância fechada a pó no sotão de casa alheia. Não há sossego - e,
ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter...
- Bernardo Soares
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Hmm... essa ultima frase do Bernardo Soares podia muito bem servir de tagline no meu blog...
o passado...
sempre o passado que segue os nossos passos, que se cola a nós.
sempre o passado que nos limita o presente.
sempre o passado que se torna o nosso presente. presente caduco, com cheiro a bafio, esteril de movimento, de alma.
mas construir um presente sem passado é algo dificil, impossivel talvez. É uma historia que surge do nada, uma historia escrita pela primeira vez, uma história ainda sem palavras, apenas com a intenção de ser.