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Miguel Gonçalves Mendes — O Mário tem medo da morte?
Mário Cesariny — Sou capaz de ter, um bocadinho. Não sei o que é. (ri). Mas gostava de ter daquelas mortes boas... a gente deita-se para dormir e nunca mais acorda, isso é que é bom.Mas tenho medo sobretudo da degradação física, isso sim! Porque eu já sofro um bocadinho, vá lá, isso é que é muito chato, isso já é a morte a trabalhar, a trabalhar. A morte propriamente não existe. Se morreu, morreu... é o momento! Tens medo da morte tu?
- verso de autografia / mário cesariny /assírio & alvim
Etiquetas: Mário Cesariny
Ter medo da morte, muito pelo menos, é criar a impossibilidade de viver!
Ninguém vive mais que um poeta, pois eles vivem duas vezes...
Beijo
Até concordaria com a primeira parte do teu comentário, mas com a segunda não consigo concordar. Não consigo ver um poeta como alguém diferente, às vezes até isso a que chamas duas vidas, são apenas duas metades que lutam uma com a outra.
Humm, não sei responder á pergunta se tenho ou não medo da morte.
Mas acho que tenho mais medo da vida, pois é o meu estado consciente que actua sobre cada coisa que faço.
Beijo
Ainda me apetecia fazer umas coisitas por cá, mas medo, medo nao tenho, de morrer quer dizer. Mas tenho medo de ver morrer as pessoas que amo, tenho medo de me ver morrer lentamente.
Tenho medo da morte sim. O desconhecido é sempre assustador, mesmo quando também é fascinante. Mas acima de tudo, tenho medo de deixar muitas coisas por fazer.
Não achei que fosses concordar porque também és um poeta... Podes discordar desta afirmação também, claro está...
Mas eu por acaso, concordo com o que dizes... Na tua discordância acabaste por enunciar a razão pela qual eu disse que vivia duas vezes... São essas duas metades em luta que me levaram à metáfora das duas vidas. A vida é conflito, o poeta vive sem sombra de dúvida...
Dois beijos :)