5/31/2007

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Era ali que eu vivera mais do que alguma vez vivi ou viverei. Era ali que a existência de tudo o que transporto foi sendo desenhada e regada como o alecrim e as rosas, as camélias e as orquídeas. Foi ali que vivi, pela última vez que vivi. Era ali que os amava, a primeira vez que os amava. (Oldmirror)

A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fechada de marés, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.
Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.
E telhados
a de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.
A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.
- Vitorino Nemésio

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Existem pessoas como conchas
Capazes de estranha alquimia.
No silêncio do seu dom,
Da poeira de cada dia,
Refinam precioso glóbulo.

Existem pessoas como conchas
Que quando se abrem revelam
Deslumbrante coração pérola..."

Beijinhos

6/21/2007 09:24:00 da manhã  

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