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"Segue-me à luz", pedira ela disposta a fazê-lo abandonar a noite onde há demasiado tempo se encerrara. "Fa-lo-ei, se vieres à escuridão dar-me a mão", respondera-lhe ele certo de que ela nunca aceitaria fechar os olhos e estender o braço. Ela fê-lo. Ofereceu-lhe, a mão, o braço, o corpo sem hesitar, sem saber sequer a quem se destinavam. Passaram-se demasiados Invernos, muitos Outonos, algumas Primaveras e poucos Verões. A noite passara a ser a morada, o local onde respirar fazia sentido. Chegara o momento. "Estou pronto, seguir-te-ei agora mesmo à luz que me quiseste dar", disse-lhe ele reconhecido. "Não, segui-te à escuridão, ficarei nela, prefiro-a agora", respondeu-lhe ela, decidida a nunca mais querer o dia. Ele sorriu, sentiu-se aliviado e ofereceu-lhe a mão, o braço, o corpo. (Oldmirror)
E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já não serás a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido.
- Haruki Murakami
Etiquetas: Haruki Murakami
7/14/2007... um distorção do espaço tempo?
just kidding
:)
As minhaa tempestades são sempre assim, fogo e chuva, ar e água... Quando passam são o tormento... Qd me fustigam, são a luz no horizonte! mas eu sobrevivo sempre.Para contar os resquicios da madrugada!
parabéns pelo blog.
Sandrita
A escuridão tem dessas coisas... Eu vivo nas sombras, gosto do mundo do meio, aquele que se anseia mas em que nunca se está...
Beijos sombrios
ESTAVA SOL NESSE DIA
Olhos tão tristes como nunca vi
a implorar que não seja assim.
Sozinho porque merece
ver o jornal, o computador, a televisão
onde nada é igual.
Mas não é solidão banal
é animal que precisa de ser julgado,
amarrado e subjugado
para substituir esse relance de personalidade
que não consegue ter.
Destinado a perder oportunidades e
deixar andar a teimosia
que se mentaliza nesse dia.
É gozado, ouve e ignora,
quebra confianças como lembranças e
lentamente todos se esquecem que existe.
Nem o único telefonema que recebeu conseguiu retribuir,
afundando-se a olhar o vazio de sua vida,
senti-lo lá dentro a lavar a dentição entrenhada
para ser finalmente enclausurado
na falsidade e apatia do afastamento,
nos desenhos animados e brinquedos da infância.
Simples fragâncias, mímicas de flagelação
como se fossem sombrinhas chinesas
que conhece bem mas não partilha com ninguém,
só no escuro passado onde
quis escrever egoísmo nas paredes
poderá morrer em paz
sem mínimos de consideração por sentimentos. 2003
in FOTOSINTESE
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