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Há quanto tempo não olhas as estrelas e pedes o desejo que te anda atravessado na garganta e te impede de levantares a cabeça? Há quanto tempo não decides de uma vez por todas que o farás, mesmo que isso te leve directamente a uma viagem sem fim no buraco negro de onde um dia conseguiste escapar por um triz? Há quanto tempo não deixas para amanhã o que podes fazer hoje e fazes hoje o que há muito deixaste na gaveta dos 'para sempre'? Há quanto tempo não segues estrela do Norte por saberes que é ao Norte que ela te levará? Há quanto tempo decidiste que morreste? Há quanto tempo deixaste de andar de combóio e de fotografar ao minuto a paisagem que em contagem decrescente te fazia aproximar da última paragem? (Oldmirror)Nas horas mortas da noiteOs que há muito estão mortos olham paraOs novos mortosQue avançam até elesHá um leve bater do coraçãoQuando os mortos abraçamOs que há muito estão mortosE os que entre os novos mortosPara eles avançamChoram e beijam-seQuando voltam a encontrar-sePela primeira e última vez- Harold PinterEtiquetas: Harold Pinter

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