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- Voltaste!
- Sim, não sei bem porque o fiz.
- Ficarás?
- Se o fizesse morreria.
- Partirás, então?
- Nunca cheguei mesmo a partir.
- Vem, chega-te a mim.
- Não posso, senão ficarei.
- Podes ficar aí, nessa cadeira.
- Se ficar não te sentirei de novo, foi para isso que vim.
- Envelheceste.
- Sim, sobrevivi.
- Conseguiste?
- Acho que não.
(Oldmirror)
Como a pedra branca no fundo do poço
dentro de mim está uma memória.
Nem quero afastá-la, nem posso:
é sofrimento e é prazer e glória.
Julgo que quem olhar bem de perto
dentro em meus olhos logo pode vê-la.
E ficará mais triste e pensativo
que alguém que escute uma anedota obscena.
Eu sei que os deuses metamorfoseavam
os homens em coisas sem tirar-lhes a alma.
Para que o espanto da tristeza dure sempre,
em coisa da memória te mudei.
- Anna Akhmatóva
Etiquetas: Anna Akhmatóva
Esse diálogo... poucas palavras... Mas que contam a historia que todos nós um dia poderíamos viver, ou vivemos... a vontade diferente da realidade, o querer ficar perto e ao mesmo tempo longe, partir sem ir...
..."
-envelheceste.
-Sim sobrevivi.
"...
_________
Se soubesses o que eu adorei esse diálogo.... Talvez seja porque neste momento me identifico com tão sábias palavras, também eu não volto, mas nem cheguei a partir, estou presente sem estar ao seu lado, e não consigo manter-me ausente. Também eu não me quero sentar e sentir o calor da sua pele, seria sinal que ficaria, até ao dia que partiria de novo...
Beijinhos