Demasiados minutos sem respirar mais do que o ar daquele quarto onde todos os cheiros se misturavam com o cansaço e a vontade de esquecer o mundo reduzido ao tamanho de uma janela pouco interessante. Os despojos de vida acumulavam-se a cada instante, ao mesmo ritmo com que os cigarros iam sendo consumidos, ao mesmo ritmo com que os sorrisos se confundiam com os gemidos e o ponteiro do relógio largado num canto deixava de de marcar o tempo para assinalar o balanço dos corpos. Ali o tempo de uma eternidade foi esgotado, dividido, utilizado até à exaustão. Demasiados minutos entre quatro paredes, não foram suficientes para que tudo fosse dito; não houve tempo. (Oldmirror)Linho dos ombrosao tactojá tecidoTúnica brandacingida sobre asespáduasOs rins despidosno fato já subido:as tuas mãos abrindo a madrugadaLinho dos seiosna roca dos sentidosa seda lenta sedenta na gargantaa lã da bocacardadano gemidoe nos joelhos a sedeque os abrandaLinho das ancasbordadode torpora boca espessao fuso da garganta.- Maria Tereza HortaEtiquetas: Maria Tereza Horta