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(o texto que faltava em baixo)
E a vida ia passando. As folhas do calendário que pendurara na parede eram cada vez menos. Tinha escolhido a vida possível, a vida que desejara acabou por não acontecer. Sabia que não tinha lutado tudo por ela, nunca fora de grandes lutas. Era de muitos ideais, de muitos sonhos e incontáveis desejos, mas nunca fora capaz de lutar tudo por qualquer das coisas. Em conversa fazia questão de levantar um pouco mais a voz sempre que falava dos minúsculos gestos de coragem que tivera durante uma vida que acabou por ser a possível, não a que desejara. Levantava a voz para lembrar que levara até ao fim aquilo que já tinha terminado, levantava a voz para dizer que agora era livre para começar uma nova vida, mesmo que as folhas do calendário que pendurara na parede continuasse a perder folhas indiferente ao desejo de uma nova vida. Baixa a voz quando tem que falar do amor pelo qual não lutou tudo, baixa a voz quando lhe perguntam se ama, ouve-se quase em surdina a sua explicação para a nova vida que tenta pintar de cor-de-rosa mas que umas nuvens inpedem que a cor se torne viva. Mas sorri, sorri quase sempre, mas levanta a voz para falar dos minusculos gestos de coragem que chegou um dia a ter e quando chega à noite diz-lhe sempre que gosta muito, mas quando tenta dizer "amo-te", a voz fica-lhe embargada pela memória de uma luta que nunca levou até ao fim.
- Oldmirror
"mas quando tenta dizer "amo-te", a voz fica-lhe embargada pela memória de uma luta que nunca levou até ao fim."
Esta frase diz tudo...
beijinhos
Que mais dizer... lutar, lutar e ter coragem para viver com o que não foi... por medo, covardia, incerteza?