9/19/2006

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Estou de partida. Na verdade nunca aqui pertenci, nunca fiz destas paredes a minha casa, nunca fiz desta cidade a tela onde pinto a minha vida. Decido rumar a norte para terminar a viagem. Por lá ficarei tentando acabar encostado à vinha que não quebra. Por lá marcarei os pontos finais do texto que sempre estará inacabado. Sem paredes, nem cidade, deixarei que as rugas da cepa mais velha invadam a minha pele e me prendam à terra. Para trás deixo um nada de tantas coisas. (Oldmirror)

Os meses e os dias são viajantes da eternidade. Assim como o ano que passa e o ano que vem. Para aqueles que se deixam flutuar a bordo dos barcos ou envelhecem conduzindo cavalos, todos os dias são viagens e a sua casa é o espaço sem fim. Dos homens do passado, muitos morreram em plena rota. A mim mesmo, desde há anos, me perseguem pensamentos de vagabundo mal vejo uma nuvem arrastada pelo vento.

- Matsuo Bashô

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1 Comments:

Blogger Mia said...

pq existe este desassossego, este impulso, esta inquietude, que nos impele a partir...
pq pode até parecer que pertencemos a um lugar, que nos adaptamos a um local, mas no fundo somos sempre estranhos em casas estranhas... a casa é sempre dos outros, nós somos apenas meras visitas...
por isso partimos...

beijo

9/19/2006 06:51:00 da tarde  

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