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Não queria voltar a escrever. Não queria que mais letras se fixassem aqui enquanto as lágrimas não secassem e me deixassem olhar para novas palavras que me atacam como punhais. Leio-te tão fundo, sinto-te tão fundo e, no entanto, nunca pude verdadeiramente mostrar-te como existo, quanto existo. Sim, sempre foi preciso coragem e nunca tive, não a necessária para que sempre que visito um espelho não me invadisse a sensação de que apenas uma pedra me ocupa o corpo, a mesma pedra que sabe amar sem saber como o fazer. Agora, em surdina, vou alimentando este lugar vazio, só preenchido com pedaços de ti que roubo em cada lugar por onde te encontro, por trás de cada olhar que consigo fixar nos raros momentos em que a ausência parece ter acabado. Por quanto tempo mais estarei preso nesta vontade de existirmos? Por quanto tempo serei empurrado por mim mesmo até ao que vou tendo de ti? Sufocante, desgastante, apaixonante esta irracionalidade de que é feita a nossa existência. Feita de silêncios, feita de fugas, feita de olhares disfarçados, feita de vontades reprimidas de gritar: "Vem!", feita do sofrimento de um sonho que nunca mais chega e que partiu porque o pouco que nos afastava pesou mais do que o muito que nos empurrava. (Oldmirror)
sentido... belo texto...
profundo...
é sempre tempo, sabes? para dizer vem...
prefiro tentar e sofrer, do que nunca tentar e viver na ilusao do que poderia ter sido...
:(
Sofrer também faz parte do amor, do nosso próprio crescimento interior.
Vais ver que ainda vais encontrar quem mereça tais palavras...
Beijo-te
Vem
Além de toda a solidão
Perdi a luz do teu viver
Perdi o horizonte
Está bem
Prossegue lá até quereres
Mas vem depois iluminar
Um coração que sofre
Pertenço-te
Até ao fim do mar
Sou como tu
Da mesma luz
Do mesmo amar
Por isso vem
Porque me quero
Consolar
Se não está bem
Deixa-te andar a navegar
madredeus