10/22/2006

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Como me pude atrever? Como foi que acabei por prometer meras palavras se era o livro que devia oferecer? Desde o primeiro sopro em resposta ao meu respirar que as palavras se esgotaram, ficaram os sentidos, ainda por definir. Desde o primeiro sopro que sinto que as palavras que outrora me pertenciam dividem-se agora entre o que digo e o que sei que ouvirei. (Oldmirror)

Nem sombra nem luz
Nem sopro de estrela
Nem corpinhos nus
De anjos à janela
Nem asas de pombos
Nem algas no fundo
Nem olhos redondos
Espantados do mundo
Nem vozes na ilha
Nem chuva lá fora
Que eu não vou embora
- A. Lobo Antunes

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4 Comments:

Blogger Mia said...

por vezes basta uma pequena palavra, uma pequena intenção, um pequeno desejo, um pequeno gesto, é tudo o que basta por vezes...
nao sao necessarias grandes explicações, grandes discursos, grandes propositos.
por vezes numa só palavra encontramos um mundo, um ser, um sentimento, o sentido... basta olha-la com cuidado.

10/23/2006 06:26:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

É por essas meras palavras que se constrói o livro. E é normal as palavras se esgotarem, pois por vezes não encontramos palavras para descrever o sentimento.

Beijo

10/24/2006 10:19:00 da manhã  
Blogger Cecilia M said...

dificil de comentar estas palavras... as palavras de outrora podem não ser as de agora e não é por isso que temos de nos "arrepender" de as ter sentido e dito... nada é para sempre.
Fica bem
beijo

10/25/2006 05:53:00 da tarde  
Blogger CS said...

"Que eu nao vou embora..."

Estou num daqueles momentos em que em apetece mesmo ir... para outro sitio qualquer.

Anyway, obrigada pela visita. Gostei mesmo muito do teu cantinho. Voltarei.

10/30/2006 05:01:00 da tarde  

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