Surge em forma de anúncio solene: "deixarei o teu nevoeiro". Na verdade, não o poderá fazer. O nevoeiro entra-nos nos ossos, instala-se no corpo, tranforma-nos numa espécie de faróis que apenas se acendem quando ele aparace. O nevoeiro permite-nos a dúvida, a silhueta, a visão única de quem nunca se mostrará por inteiro. No nevoeiro podemos ser nós sem o sermos totalmente. O nevoeiro guarda segredos. "Deixarei o teu nevoeiro", é-nos dito sem que se explique como sobreviverá o corpo na transparência, na claridade de um dia que não permite arco-iris, apenas luz, muita luz, demasiada luz para uns olhos habituados à ténue presença e não à incómoda permanência. (Oldmirror)
Chega o momento
em que a vida de cada homem
é uma derrota assumida.
É uma verdade
que todos sabemos.
- Marguerite YourcenarEtiquetas: Marguerite Yourcenar