10/11/2006

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Ficaremos por aqui porque daqui nunca saímos a não ser para dar o primeiro passo. Nunca fomos além porque o além não chegaria e iríamos querer mais, sempre mais. Demos o primeiro passo numa queda anunciada que, de novo, tentámos ignorar. Tivemos as nuvens mas quisemos tocar as estrelas, acabamos com as mão escondidas na terra sem que nunca tivessemos provado esse pedaço de céu que estava ali, à distância de um toque. Resta agora a imaginação. Resta a memória de um único passo e a saudade de termos estado perto, muito perto, de conhecermos mais, muito mais. (Oldmirror)

Um dia compreendeu como seus braços eram
Somente feitos de nuvens;
Impossível com nuvens abraçar até ao fundo
Um corpo, uma sorte.
A sorte é redonda e conta lentamente
As estrelas do estio.
Fazem falta uns braços seguros como o vento,
E como o mar um beijo.
Mas ele como seus lábios,
Com seus lábios não sabe se
não dizer palavras;
Palavras até ao tecto,
Palavras até ao solo,
E seus braços são nuvens que transformam a vida
Em ar navegável.

- Luis Cernuda

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2 Comments:

Blogger Júlia said...

Os quase são forma de nos irmos deixando respirar, como um passo a faltar é um fio para nos mantermos. Angustiam, os quase, é certo, mas são modo de se ficar.

10/11/2006 06:05:00 da tarde  
Blogger Mia said...

sempre esta ausencia, este vazio profundo na imensidao do sentir... sempre o olhar no horizonte, nas estrelas, no nevoeiro cerrado... esperamos algo, algo, sem nome, sem rosto, sem corpo, sem contorno, algo, que deixou este espaço vazio em nós.
quando deixar de procurar? e se melhor é impossivel? e se é isto?

10/13/2006 01:26:00 da tarde  

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