8/17/2007

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Deixo-me levar pela maré que me empurra na direcção oposta. Vou deixando para trás o caminho que um dia voltarei a trilhar quando as forças dos braços voltarem, quando, por momentos, as ondas abrandarem e me deixarem partir de regresso ao olhar que deixei fixado em mim molhado de um outro sal mais salgado que aquele que me percorre a pele e se mistura nesta maré que não pára de murmurar que não devo regressar. Eu vi, terei sido o único a desafiar a corrente e a olhar para o que deixavamos para trás, terei sido o único a reparar naquele olhar de quem vê que o mundo lhe foge, que todos fogem do mundo, que o mundo é apenas aquele e que o novo apregoado pelas ondas, nada mais é do que o ponto de partida de regresso a onde sempre estivemos. (Oldmirror)

No ponto onde o silêncio e a solidão
Se cruzam com a noite e com o frio,
Esperei como quem espera em vão,
tão nítido e preciso era o vazio.
- Sophia de Mello Breyner Andresen

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1 Comments:

Blogger Aestranha said...

Os fardos da perda da inocência! Há um lugar de solidão, o lugar do regresso, do eterno retorno como dizem por ai...

Nesse lugar nunca estará mais ninguém, apenas o eu que se dispersa ante a imensidão da realidade!

Beijos...

9/04/2007 03:35:00 da manhã  

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