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Dias em que sentimos que apenas uma bomba poderá travar a escalada inevitável do ritmo a que vamos. Apenas ela conseguirá fazer-nos parar e olhar em volta, abandonando o eterno adiar da contemplação em nome da imediata resposta às necessidades mais terrenas e exequeráveis. Teremos sido feitos para viver ou para sobreviver? Estaremos condenados a conhecer o paraíso apenas e quando subirmos ao paraíso? Dias em que sentimos que apenas no fim conheceremos na plenitude a paz. Até lá estaremos em guerra com o Mundo, estaremos em guerra e seremos sempre cobardes. (Oldmirror)
Aquele que entreabre a boca
por um instante que seja,
esse estará talvez esquecido de
que o seu corpo é todo ele feito de aves,
àrvores voadoras e constelações de fogo.
E que desta maneira e pouco a pouco
se esvaziará disso,
de tudo isso.
- Yves Namur
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por cada vez que entreabro a boca solta_se_me um sopro discreto a rasar a terra a que alguns poderão chamar erradamente de murmúrio eu digo antes tratar_se de um voo.esvazia_se assim cada vez mais a vontade de a pisar tentando permanecer rasante à minha imagem lá em cima não tocando sequer naquela que vejo sete palmos abaixo da erva
assim construo o paraíso