9/29/2006

140



Os braços alongam-se ao som de Stravinsky. Os dedos mexem-se independentes de tudo. O ondular do tronco suado e sedento pela cadência de fogo acompanha o pássaro que passou a habitar nele. Os olhos, ora fechados, ora abertos, pouco mais vêem que contornos. As pernas aceitam o convite da batuta e desdobram-se em combinações inventadas para quem caminha no céu. Por momentos, toda a nossa existência assenta nos pés doridos que suportam o prazer. Já não existo, apenas vôo, apenas sinto, apenas
danço. Voltam os sonhos, as memórias, a leveza dos momentos onde a vida pôde esperar e o relógio se regia pela respiração absurda dominada pela música. O pássaro poisa, o fogo extingue-se, Stravinsky descansa, o corpo encolhe-se, os olhos não abrem, mas as lágrimas caem. (Oldmirror)

A ferida fechou-se cansada. Restou o rochedo inexplicável.

- Franz Kafka

Etiquetas:

5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Lindo!!!

A dança existe em mim, como a vontade de alimento. Amo!

Obrigado pela visita, volta sempre.

emn***

9/30/2006 12:58:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Olá linda
Entro aqui e fico sem palavras ,perante tanta beleza
volta mais vezes no nosso catinho pois temos muito prazer em te receber.
desejamos te um bom começo de semana,e deixamos te o nosso carinho.

:)))))))))
beijoooooooo

10/02/2006 02:53:00 da tarde  
Blogger Mia said...

houve tempos em que voei assim... com asas nos pés...
palavras mágicas as tuas.

beijo

10/02/2006 04:37:00 da tarde  
Blogger oldmirror said...

...o próprio, meu caro.

10/03/2006 02:49:00 da tarde  
Blogger Beruska said...

Adorei...
Conseguiste definir, em poucas palavras, aquilo que sinto quando danço... dançar é viver... dançar é viver a vida a voar...

10/04/2006 12:28:00 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home

Estou no blog.com.pt - comunidade de bloggers em língua portuguesa
Oldmirror© 2005-2011 All Rights Reserved.