11/20/2007

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Era o frio que sentia a entrar nos lençóis pretos quando a noite dava lugar ao dia que repetidamente davam o aviso: saíra antes de acordar. O hábito da fuga repetida era proporcional ao sonho com que encerrava a cerimónia da carne marinada pelo álcool, pelo tabaco e pelo suor com que alimentava o vício de recusar a solidão. Sonhava que acordaria sem que, por uma vez, os sinais de que naquela tinha existido vida não se resumiam ao cinzeiro a transbordar, ao whisky vertido nas páginas de um livro de Auden, ao bilhete de despedida ou à peça de roupa esquecida. Sonhava que os sinais de vida seriam, um dia, um corpo morno e cansado de onde escapava uma respiração profunda de prazer indefeso. (Oldmirror)

A pele era o que de mais solitário havia no seu corpo.
- Luís Miguel Nava

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3 Comments:

Blogger Aestranha said...

E a música de Sigur Ros vai tão bem com este sentir...

Um fumo que se ergue no ar...antes de desaparecer...

Beijo

11/24/2007 03:03:00 da manhã  
Blogger Ás de Copas said...

Fumos que se espraiam em pensamentos amoviveis... ou talvez não...

11/27/2007 04:28:00 da tarde  
Blogger Peach said...

estranho, muito estranho esta sensação de já cá ter estado... e não são as fotos :)

12/06/2007 11:12:00 da manhã  

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