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Era o frio que sentia a entrar nos lençóis pretos quando a noite dava lugar ao dia que repetidamente davam o aviso: saíra antes de acordar. O hábito da fuga repetida era proporcional ao sonho com que encerrava a cerimónia da carne marinada pelo álcool, pelo tabaco e pelo suor com que alimentava o vício de recusar a solidão. Sonhava que acordaria sem que, por uma vez, os sinais de que naquela tinha existido vida não se resumiam ao cinzeiro a transbordar, ao whisky vertido nas páginas de um livro de Auden, ao bilhete de despedida ou à peça de roupa esquecida. Sonhava que os sinais de vida seriam, um dia, um corpo morno e cansado de onde escapava uma respiração profunda de prazer indefeso. (Oldmirror)
A pele era o que de mais solitário havia no seu corpo.
- Luís Miguel Nava
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E a música de Sigur Ros vai tão bem com este sentir...
Um fumo que se ergue no ar...antes de desaparecer...
Beijo
Fumos que se espraiam em pensamentos amoviveis... ou talvez não...
estranho, muito estranho esta sensação de já cá ter estado... e não são as fotos :)