3/27/2007

193


Haverá sempre o dia em que te olharás de manhã, ao espelho, e achar-te-ás tão velho que não adivinhas como sairás da porta desafiando um futuro que se esgota a cada suspiro ou encolher de ombros. Haverá, no entanto, o dia em que saberás que o futuro deixou de existir e a manhã em que olhaste o espelho e foste velho, demasiado velho para saíres à rua, não era, afinal, mais do que o olhar de uma criança que não acreditava verdadeiramente que o futuro se lhe ia escapar por entre os dedos. Verás, então, que a ausência de futuro é incomparavelmente mais dolorosa que um qualquer vaticinar negro e conveniente de um futuro que, ao contrário do que insistias em acreditar, não se esgotava tão depressa quanto isso. (Oldmirror)
.
Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadas
que são como sítios fora dos mapas
como pedras fora do chão como crianças órfãs
Homens agitados sem bússola onde repousem
Homens que são como fronteiras invadidas que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos desempregados das suas vidas
Homens que são como a negação das estratégias
que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas
Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são sítios desviadosdo lugar
.
- Daniel Faria

Etiquetas:

3/13/2007

192


Prefiro a lama à troca de mãos. Conhecerei o prazer do abraço se souber do desconforto do abandono. Lamentarei a chegada da dor se um dia tiver sentido os benefícios do amor. Não chegarei a gostar do céu se na terra não estiver por uma vez prostrado. Prefiro a lama à troca de mãos. (Oldmirror)
Sometimes the sky's too bright,
Or has too many clouds or birds,
And far away's too sharp a sun
To nourish thinking of him.
Why is my hand too blunt
To cut in front of me
My horrid images for me,
Of over-fruitfull smiles,
The weightless touching of the lip
I wish to know
I cannot lift, but can,
The creature with the angel's face
Who tells me hurt,
And sees my body go
Down into misery?
No stopping. Put the smile
Where tears have come to dry.
The angel's hurt is left;
His telling burns.
Sometimes a woman's heart has salt,
Or too much blood;
I tear her breast,
And see the blood is mine,
Flowing from her, but mine,
And then I think
Perhaps the sky's too bright;
And watch my hand,
But do not follow it,
And feel the pain it gives,
But do not ache.
- Dylan Thomas

Etiquetas:

3/01/2007

191




Descansam no corpo as marcas de querer ir mais além. Decoram a pele as feridas prévias à perfeição enfeitada pelas luzes do aplauso. Mostrar fácil o que é difícil e sofrer com o sorriso estampado num rosto que tudo aguenta menos a desilusão de não ter conseguido o milímetro certo no segundo combinado. Chegar lá. Fazer a vénia aos que depois se curvarão perante a grandeza dos que lá chegaram e vêm cada gota de suor transformada numa palma. (Oldmirror)

Estou no blog.com.pt - comunidade de bloggers em língua portuguesa
Oldmirror© 2005-2011 All Rights Reserved.