Haverá sempre o dia em que te olharás de manhã, ao espelho, e achar-te-ás tão velho que não adivinhas como sairás da porta desafiando um futuro que se esgota a cada suspiro ou encolher de ombros. Haverá, no entanto, o dia em que saberás que o futuro deixou de existir e a manhã em que olhaste o espelho e foste velho, demasiado velho para saíres à rua, não era, afinal, mais do que o olhar de uma criança que não acreditava verdadeiramente que o futuro se lhe ia escapar por entre os dedos. Verás, então, que a ausência de futuro é incomparavelmente mais dolorosa que um qualquer vaticinar negro e conveniente de um futuro que, ao contrário do que insistias em acreditar, não se esgotava tão depressa quanto isso. (Oldmirror)
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Homens que são como lugares mal situados
Homens que são como casas saqueadas
que são como sítios fora dos mapas
como pedras fora do chão como crianças órfãs
Homens agitados sem bússola onde repousem
Homens que são como fronteiras invadidas que são como caminhos barricados
Homens que querem passar pelos atalhos sufocados
Homens sulfatados por todos os destinos desempregados das suas vidas
Homens que são como a negação das estratégias
que são como os esconderijos dos contrabandistas
Homens encarcerados abrindo-se com facas
Homens que são como danos irreparáveis
Homens que são sobreviventes vivos
Homens que são sítios desviadosdo lugar
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- Daniel Faria
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