2/28/2006

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A falta que me sentes não é a falta de mim, será a falta da presença que encerras em mim. A presença que que vou tendo mesmo estando aqui. Não há falta física, apenas a que marca a minha presença na tua memória e essa não a perderás. Se a quiseres. Se a precisares. Se a souberes. (Oldmirror)

Podia ter acontecido
Tinha que acontecer.
Aconteceu antes. Mais tarde. Mais perto. Mais longe.
Aconteceu mas não contigo.
Salvaste-me porque foste o primeiro.
Salvaste-te porque eras o último.
Porque só. Porque pessoas. Porque à esquerda, À direita.
Porque chuva caía. Ou a sombra.
Porque fazia um tempo soalheiro.
Por sorte havia um bosque.
Por sorte não havia árvores.
Por sorte um gancho, carris, a viga, os freios,
um vão, a curva, um milímetro, segundos.
Por sorte a navalha flutuava no rio.
Efeito, e contudo, e porque, e apesar de.
Mas que seria se a mão, a perna,
por um passo, a um cabelo
da coincidência havida.
Sempre chegaste? Directo do momento mal transposto?

Tinha a rede uma abertura e tu passaste?
Não sei ficar pasmada nem calar-me a isso.
Escuta:
como o teu coração me bate rápido.

- Wislawa Symborska

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2/27/2006

85



Fugindo sem querer saber-te. Estando longe e apenas sentindo-te. Seguindo-te, sentindo-te, adivinhando-te, pensando-te. Aproximando-me com passos dados à rectaguarda. Relembrando o toque sem nunca ter estado em ti. (Oldmirror)

Basta-me a crença de que o correio envia as cartas.
Não preciso de as enviar. Pois
ao escrevê-las já tinha as respostas.
Basta-te que se calem as linhas urgentes. (Que outra
coisa pode ser
um "sinal fónico" senão que estamos vivos?)
Mas com a nudez ele perde sentido, é preciso abraça-lo
com o som
e devolver-lhe o seu valor de mancha.
No sistema binário
cruzam-se
o um e o zero, as ondas
levam pequenos seixos e canções -
dúvido que voltem.
A última notícia desvia-nos.

- Ivan Laucik

2/23/2006

84


[OverTheRhine]

Pedem-me sorrisos nas palavras, menos negro nas emoções. Pedem-me menos lágrimas e menos fugas. Pedem-me que não desista, não baixe os braços. Atiram-me com doses de esperança. Bombardeiam-me com os milagres do amor e da amizade. Sugerem-me acção. Que grite, expurgue o que vai na alma e siga em frente pintando a vida de arco-iris. Não lhes disse, nunca lhes diria que a receita que sugerem foi o veneno que me matou. Que a vida que descrevem foi a vida que não escolhi, a vida que já vivi. Não lhes revelei, nunca o faria, que não é ali que a felicidade mora, já lá a procurei e nunca lá esteve. Seria um tolo se pensasse que me acreditariam. Seria indelicado se os impedisse de procurarem também. (Oldmirror)

Before being a man
Livin’ in a garbage pail
My landlady call me up
She tried to hit me with a mop
I can’t stand it anymore more
But if shelly she would just come back
It’ll be allright
But if shelly she would just come back
It’ll be allright
I live with thirteen dead cats
A purple who hear spats
They’re all livin in a hall
And I can’t stand it anymore
But if shelly she would just come back
It’ll be allright
But if shelly she would just come back
It’ll be allright
Before being a man
Livin’ in a garbage pail
My landlady call me up
She tried to hit me with a mop
I can’t stand it anymore more
But if shelly she would just come back
It’ll be allright
But if shelly she would just come back
It’ll be allright
Be allright, be allright.

- Velvet Underground

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2/22/2006

83


[by StudioQube]

Não será tempo de escrever, de falar, de perguntar, de sofrer ou de fugir. Parado, respirando o ar que chega vindo das boas notícias. Descansando, fumando, encostado a uma parede contemplando mais uma obra ganhar asas, sem sequer hesitar antes de a deixar voar. Mas há tantas outras, o momento fica escasso, a limpidez do pensamento também. Em breve as vestes brancas são substituídas pelo negro que paira nas mágoas que sobejam como lixo de fim de festa e nas mágoas que cuidadosamente voltarei a limpar. Morrer sem medalhas mas misturar o último sorriso com as cicatrizes deixadas por ter escolhido o caminho escondido e que ninguém quis tomar como seu. (Oldmirror) E tu? Vais ficar aí? Nessa pedra de indecisão e tristeza? será que apenas o tudo chega? Mas não é este o tempo de perguntar.

why do you cry?
why would you hug?
why be simple?
why do you smile?
why walk barefoot?
why smell like flowers?
why be alone?
why be different?
why take a risk?
why this?
why that?
why you?
why me?

why not? =) in love with life.

- © meninazul

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Por momentos as letras que aqui rasgam o negro transformam-se em gotas de sangue vertido por um olhar mais demorado pelas memórias de uma vida repleta de contradições. Assustado vejo em frente tanto para viver, mais ainda para aprender e tudo para sofrer. Sempre paguei o preço exigido, nunca pestanejei, mesmo quando a solidão foi pedida; até quando a dor era testada e a loucura experimentada. Por momentos a limpidez no negro do olhar é substituída pela visão distorcida de pérolas cristalinas e salgadas que escorregam pela pele onde os vincos de uma história se vão adensando agravados pelo sal que ali encontra a sua morada. Ah, como era bom respirar por um só momento. (Oldmirror)

Already it's a great deal to see anything clearly, for we don't see anything clearly.

- Jasper Johns

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2/21/2006

81


[Photo by Alexis Schwarzenbach]

Não basta apagar as pistas do passado. Não basta abandonarmo-nos. Não basta fugir dos ventos que nos empurram para trás ou para a frente desejando ficar no presente. É sempre mais do que isso. É sempre do futuro que a visão do passado surge mais nítida. Por quanto tempo ainda será mais seguro ficar no meio da ponte fixando a água e evitanto olhar os lados e o céu? Sem caminhar o caminho faz-se. Sem escolher as escolhas existem. Sem falar a palavra existe. Existe-se mesmo sem existirmos. Vive-se mesmo sem vivermos para além do que a vista alcança. É inevitável que existamos. Apesar do silêncio. Apesar da ausência. Apesar de insistirmos em permanecer entre a espada e a parede, sem coragem para dar o passo que deixe que a espada nos trespasse de uma vez por todas. Ficamos. (Oldmirror)

Onde nenhum. Um tempo para tentar ver. Tentar dizer. Quão pequeno. Quão vasto. Se não ilimitado com que limites. Donde o obscuro. Agora não. Agora que se sabe mais. Agora que não se sabe mais. Sabe-se somente que saída não há. Sem se saber porque se sabe somente que saída não há. Somente entrada. E daí um outro. Um outro lugar onde nenhum. Donde outrora dali regresso nenhum. Não. Lugar nenhum a não ser só um. Nenhum lugar a não ser só um onde lugar nenhum. Donde nunca outrora uma entrada. Dalgum modo uma entrada. Sem um só além. Dali donde não há ali. Por lá onde por lá não há. Ali sem de lá nem dali nem sequer por onde.

- Samuel Beckett

2/18/2006

80



Acreditas em anjos ou em máquinas? Acreditas que serei um ou outro? Acreditas que os anjos vão e vêm e nunca ficam por muito tempo? Acreditas que as máquinas só deixam de ficar quando param? Acreditas que serei um ou outro? Por quanto tempo precisas que fique? Se ficar para sempre, pensas que não serei uma máquina? Por quanto tempo achas que os anjos permanecem? Acreditas que todos temos um anjo ou os anjos não são nossos? Quantos anjos merecemos ter? Queremos anjos ou máquinas? Queremos uma vida ou todas as vidas? E se roubasses as asas a um anjo, serias feliz? Voarias com elas? Não o deixavas voar mais? Acreditas em anjos ou em máquinas? Em que acreditas então? Quando deixaste de acreditar? Quando escolheste não misturar fantasia com realidade? (Oldmirror)

2/16/2006

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"Levanta-te, vá lá!" Dissera-lhe eu, adivinhando a resposta pálida e apagada. "Deixa-me! Quando me erguer fa-lo-ei sozinha, longe de ti" Respondeu-me, sem sequer esboçar mais do que um espreguiçar de alma. Já sem nada a perder, hesitava entre o calor do Inferno e a tona da água. Já sem mais para fazer, arrumei a mala e esperei pelo futuro quieto num canto bem longe dali. Sabia que poderia levar anos até que ela se erguesse, até que o enebriante calor do Inferno fosse substituído por um sereno boiar à superfície de águas tranquilas olhando o céu, contando as estrelas. Passaram anos, nem os vi passar. "Estou aqui" Sussurou-me, no regresso tímido e confiante. "Pois estás". Sempre estivera. À distância de um toque, ao alcance de dois braços prontos para amparar uma queda que, sabia eu, nunca chegaria a acontecer. Sempre estivera. Mas precisara, por momentos, de se esquecer que estava. De se lembrar como era ter a porta do quarto fechada por dentro. (Oldmirror)

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

- Drummond de Andrade

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2/10/2006

78



Antecipo o sentimento não vivido. Vou sentindo-o. Projecto em mim, no presente, um futuro ainda incerto. Vivo-o por duas vezes. Antes e durante. O que fica para depois pouco importa. Desilusão ou emoção são meros estados inevitáveis numa espiral que nos leva para um destino ainda desconhecido. Antecipo o sofrimento. Antecipo a felicidade. Antecipo uma vida que provavelmente não chegarei a viver caso espere por ela. Vivo antes. Vivo durante. Não sei se a viverei depois por isso, antecipo. (Oldmirror)

Não, feliz, isso nunca,
mas desejando que a noite jamais acabasse
nem voltasse o dia
que faz com que os homens digam:
Vamos, a vida passa, é preciso aproveitar.
Aliás pouco importa que eu tenha nascido ou não,
que eu tenha vivido ou não,
que esteja morto ou só moribundo,
farei como sempre fiz,
na ignorância do que faço,
de quem sou,
de onde sou,
de se sou.

- Samuel Beckett

2/09/2006

77



Tenho tanto para dizer. Tanto para temer. Tanto para sentir. Tenho uma vida para vender ao primeiro alfarrabista que a quiser encher de pó e colocar numa estante. Tenho uma alma para oferecer porque dela já não faço uso. Procuro desfazer-me do coração pois foi ele que me trouxe até aqui. Há tanto para fazer. Mais ainda para esperar. Há tudo para começar. Rebusco em mim as explicações. Não as encontro. Por tanto tempo fugi. Por tanto tempo regressei. Agora, de volta ao trilho, hesito. Agora, de volta ao sonho, não me lembro de avançar. (Oldmirror)

2/08/2006

76



saving my words 4 latter (Oldmirror)

Who, who are you?
And why are you saving me?
He said, "I've loved you from afar with a child's heart and a man's army.
I know you better than you know yourself.
Better than any man, myth, or immortal.
I've watched you seduce for centuries
In the search for a creature who could please...
You."

- Ursulla Rucker

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2/06/2006

75



Há quanto tempo não te vês completo? Por quanto tempo juraste permanecer quieto? Que feridas cravadas no rosto te impedem que lhe toques sem que as lágrimas escorram para lavar as impressões digitais ali deixadas? O corpo estremece pelo frio deixado pela nudez indefesa que impede movimentos mais bruscos. Ali estás, sem saber o que fazer com as mãos, olhando para o chão, à mercê de um qualquer movimento. Tremes. Já não te lembras como era. Procuras no pensamento a distração oferecida pelos movimentos do ar quente que te sai da boca. Está frio. Estás quente. Suplicas aos braços e às mãos que se agigantem e te cubram o corpo. O minuto parece-te longo, o mais longo dos minutos. Sentes a pele arrepiada. Sentes que todo o mundo escolheu o mesmo momento para te olhar. Olhas o céu. Sentes o calor do chão de madeira, o único calor. E pensas: quando me abraçará? (Oldmirror)

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.

- Sophia de Mello Breyner

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2/05/2006

74



Misturamo-nos lentamente num copo de fôlego. Unimos pedaços largados em fundos de gavetas que só agora conseguimos abrir. Colorimos cadernos com pétalas de vida. Aproximamo-nos ao ritmo do ponteiro mais irrequieto. Sentimos o toque sem que a pele se una. Trocamos apelos à distância de uma vontade. Existimos. Um dia mais, outro dia mais. (Oldmirror)

2/03/2006

73


Poder correr Mundo sem que a casa desabe. Ir ali, ir lá longe, sem que a culpa nos invada e nos impeça de seguir viagem. Partilhar tranquilamente o espaço apenas entendendo-nos, apenas bastando existirmos. Saber que podemos voltar. Saber que nos espera o sorriso e o abraço. Ter a certeza que vale a pena regressar. Partir e ter vontade de voltar, ainda que seja um dia. Saber esperar. Termos um porto seguro sem paragens obrigatórias, sem escalas forçadas. Levados pelo vento, trazidos pelo cansaço e pela saudade. Abrigados do Mundo depois do Mundo nos virar do avesso. Sermos nós. Tirarmos bilhete de ida e não de volta, mas voltarmos...sempre. (Oldmirror)

A noite passada acordei com o teu beijo
descias o Douro e eu fui esperar-te ao Tejo
vinhas numa barca que não vi passar
corri pela margem até à beira do mar
até que te vi num castelo de areia
cantavas "sou gaivota e fui sereia"
ri-me de ti "então porque não voas? "
e então tu olhaste
depois sorriste
abriste a janela e voaste
A noite passada fui passear no mar
a viola irmã cuidou de me arrastar
chegado ao mar alto abriu-se em dois o mundo
olhei para baixo dormias lá no fundo
faltou-me o pé senti que me afundava
por entre as algas teu cabelo boiava
a lua cheia escureceu nas águase então falámos
e então dissemosaqui vivemos muitos anos
A noite passada um paredão ruiu
pela fresta aberta o meu peito fugiu
estavas do outro lado a tricotar janelas
vias-me em segredo ao debruçar-te nelas
cheguei-me a ti disse baixinho "olá",
toquei-te no ombro e a marca ficou lá
o sol inteiro caiu entre os montes
e então olhaste
depois sorriste
disseste "ainda bem que voltaste".

- Sérgio Godinho

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2/02/2006

72



Pegar na caneta para desenhar uma linha. Hesitar entre o traço recto e o percurso ondulado. Entre o leve e o carregado. Sem saber se a farei desinteressada ou apaixonada. É apenas uma linha mas não sei se longa ou curta. Se sairá borratada ou decidida. Não é fácil começa-la. Mais difícil será termina-la. Peço ajuda ou vou sozinho? Pinto-a contínua ou descontínua? A vermelho sangue, verde esperança, branco tranquilo ou tumultuoso negro? Poderá ser cinzenta? Só queria saber desenha-la. Só gostava de a adivinhar nos seus contornos, na sua forma. O chão enche-se de folhas brancas e de linhas abandonadas. Linhas interrompidas, imperfeitas. A mão, trémula, arrisca de novo já sem a certeza das primeiras vezes. Talvez seja desta, talvez o cuidado e a experiência sejam a chave para a linha ideal. Talvez não, talvez a primeira emoção, o primeiro impulso, a faça melhor. Fecho os olhos, pouso a caneta no branco da folha que já fere o olhar e deixo-me levar pelos sentidos. A caneta não anda, fica parada. Não há sentidos. Penso em desistir. Encosto-me na cadeira vencido por uma linha. Encosto-me na cadeira sem saber desenhar a minha vida. (Oldmirror)

Fico soturno a olhar para o mar
e a pensar num rei a traduzir Shakespeare
numa varanda embriagada pelo azul.
Deixei de ter tempo para espiritualidades,
para o engodo das tremendas interrogações,
para a altivez das perguntas sem resposta.
Fiquei temporariamente domesticado
para uma outra escrita, por um discurso que não consente divagação ou fuga.
Normalizei-me, e contudo gosto de vera mão hesitante e trémula
à beira da consumação do poema
quando a maré assalta a muralha
e traz, misturados com a espuma,
os destroços das vidas que eu sonhei,
das vidas que, se calhar, eu já vivi.

- José Jorge Letria

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2/01/2006

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Espera, não morras já. Há tanto que te queria dizer. Há tanto que ainda não te contei. Porque tens pressa de te ires? Falta-me dizer que te amo. Nunca te confessei que para ti vivi. Espera, não morras já. Se vai agora não mais saberei para quem viver. Se me deixas ficarei sem tempo para te mostrar o que fiz da minha vida. Como fiz a minha vida. Tens a certeza que queres morrer agora? Agora é Primavera. Não te parece má altura para ires? Sempre pensei que morresses no Verão. Sempre disseste que não aguentavas o calor. E se te garantir que do outro lado da morte eu não existo, ainda partirás? E se souberes que se morreres deixas de existir? E se a morte for mais chata que a vida? Ficarás? Promete que antes de morreres ficas comigo. Que antes de morreres ainda viveremos. Jura que ainda nos abraçaremos ao fim da tarde, que nos perderemos no Mundo, que os dias serão passados a dois. Não morras já. Façamos primeiro amor. Façamos primeiro o que nos falta fazer. Façamos primeiro tudo. E depois morre. E depois morremos. Depois de termos vivido. (Oldmirror)

Pela morte vivemos, porque só somos hoje, porque morremos para ontem.
Pela morte esperamos, porque só poderemos crer em amanhã, pela confiança da morte de hoje.
Tudo o que temos é a "Morte", tudo o que queremos é a morte, é morte tudo o que desejamos querer...

- Fernando Pessoa

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