10/20/2007

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Tentar o regresso a um estado de onde nunca saíramos e desde sempre saberíamos que nunca o conseguiriamos fazer. Fugir para longe, correr com todas as nossas forças, até à exaustão e, ainda assim, continuarmos demasiado perto, tão perto que ainda nos sentimos, ainda nos arrepiamos, ainda nos tocamos, mesmo não o fazendo. Perdermo-nos de vista sem nunca deixarmos de trocar olhares que ambos vamos compreendendo, que ambos vamos traduzindo por esta inevitabilidade do inevitável, de um eterno que nos persegue e, sabemos também, nos acabará por matar. Para quando o descanso onde sempre descansamos e voltamos a prometer fugas para lugares longínquos de onde acabamos sempre por regressar, indefesos perante a constante presença que levamos? (Oldmirror)
Olhei o homem e dentro estava ainda
qualquer coisa que da sombra me espreitava.
Era um espelho, como um céu de noite
em que as estrelas são tantas e pesam sobre ti,
e te espiam e, de facto, não te vêem,
ficam no escuro como pedras sem lembranças,
mas estão lá, qual memória da vida,
e tu és um sopro do teu ser longínquo...
Procurei no espelho, e quase lá no fundo
estava outro qualquer que me buscava,
alguém que sofria a sua própria dor,
e eu já não era nada, era só a história
que não se via já atrás do espelho.
- Franco Loi

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