7/15/2006

124



VOU DE FÉRIAS ATÉ AO FINAL DO MÊS! (O texto que caberá aqui surgirá nessa altura) GOSTO-VOS!

Aceitei que irrompesse pela minha vida,
quando sempre jurei que não deixaria nunca
que nenhum homem irrompesse pela minha vida...
Deixei que acontecesse, farta de saber
o que estava a acontecer...
Fica obviamente ridículo, dito assim,
mas as palavras serão sempre de menos...
Ia quase dizer que lhe dei o meu corpo,
a minha cama, a minha ternura, a minha vontade,
ia dizer isto assim
mas chego sempre à conclusão
que não lhe dei nada, que nos demos, que nos entregámos num momento
e o que se passa é que se calhar
esse momento, esse pequeno momento,
era de facto verdadeiro enquanto vivia.

- Rodrigo Guedes de Carvalho

Etiquetas:

7/12/2006

123



- Voltaste!
- Sim, não sei bem porque o fiz.
- Ficarás?
- Se o fizesse morreria.
- Partirás, então?
- Nunca cheguei mesmo a partir.

- Vem, chega-te a mim.
- Não posso, senão ficarei.
- Podes ficar aí, nessa cadeira.
- Se ficar não te sentirei de novo, foi para isso que vim.
- Envelheceste.
- Sim, sobrevivi.
- Conseguiste?
- Acho que não.
(Oldmirror)

Como a pedra branca no fundo do poço
dentro de mim está uma memória.
Nem quero afastá-la, nem posso:
é sofrimento e é prazer e glória.
Julgo que quem olhar bem de perto
dentro em meus olhos logo pode vê-la.
E ficará mais triste e pensativo
que alguém que escute uma anedota obscena.
Eu sei que os deuses metamorfoseavam
os homens em coisas sem tirar-lhes a alma.
Para que o espanto da tristeza dure sempre,
em coisa da memória te mudei.

- Anna Akhmatóva

Etiquetas:

7/04/2006

122



E passou a vender tudo. Vendia palavras. Vendia gestos. Vendia afectos. Vendia a própria alma se fosse convencido de que ela ainda valia um mísero cêntimo. E passou a deitar fora as memórias. Rasgava cartas. Rasgava jornais. Rasgava a roupa que trazia colada ao corpo se isso o fizesse lembrar. E passou a esperar. Esperava a vida. Esperava a morte. Esperava por tudo e por nada apenas porque nada mais lhe restava para fazer. (Oldmirror)

-Ainda me amas?
O coração batia-me no peito como se a alma quisesse abrir caminho e desatar a correr.
-Diz-me que sim.
... à falta de palavras, mordi a voz.
Não digo que te amo por ter possuído o teu corpo, mas sim por ter roçado a tua alma. Se pudesse estar apenas perto de ti, a ouvir a tua voz e a demorar o meu olhar sobre o teu, ter-te-ia amado na mesma...

- Possidónio Cachapa

Etiquetas:

7/01/2006

121



Vermelho-sangue suado. (Oldmirror)

I
Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

II
Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O oceano, a rugir d`amor,
E o teu Braço vencedor
Deu mundos novos ao mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

III
Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir;
Seja o eco de uma afronta
O sinal de ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre aterra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!
Estou no blog.com.pt - comunidade de bloggers em língua portuguesa
Oldmirror© 2005-2011 All Rights Reserved.