8/29/2010

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Acordar e confirmar que afinal continuamos a viver num Mundo onde as resposta que buscamos parecem não residir e o Mundo onde se encontram permanece indecifrável no mapa desenhado no nosso interior. (Oldmirror)

O homem mais forte do Mundo é o que se mantém sozinho...
- Henrik Ibsen

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8/20/2010

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Porque existe solidão de ambos os lados da barricada erigida em redor do que somos, da protecção que procuramos, do medo de sermos vulneráveis. Porque o que mostramos é surpérfluo e cá dentro a aridez, se tomasse conta da paisagem, devastaria os sonhos que se aproximassem. Secos, pintados de azul; vazios, pintados de rosa; negros ou cinzentos para os escassos olhos que olham com o coração. (Oldmirror)

... e não temos o que secretamente ansiávamos, de vez em quando momentos tão vazios, de vez em quando, mesmo no meio dos outros, uma solidão tão grande, um desamparo, uma sensação de queda, esta dificuldade em respirar, porque a mobília sufoca, que vem e desaparece e volta, de vez em quando, sem motivo, vontade de chorar, não lágrimas grandes, não soluços, uma coisa vaga, uma pergunta
– E agora?
sem resposta, caras familiares que se tornam estranhas, se te abraçar continuo sozinho, o que se passa comigo, o que se passa connosco, o relógio prossegue
– Já é tarde...
- António Lobo Antunes

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8/16/2010

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E quando, um dia, nos tornamos amigos de um barman; quando as perguntas começam a ser mais do que as respostas e damos conta de frequentemente deambularmos sem um qualquer destino...estamos verdadeiramente sós. Há saudades de tudo e de todos. Abundam hesitações e surgem explosões. Passamos a ter corpo, tentamos esquecer a matéria.
Já fomos personagens de demasiados argumentos, já confundimos vidas que fomos adoptando, já tocamos no céu e na terra e conseguimos olhar para cada estrada à nossa frente. Mas, mesmo assim, aqui estamos, exactamente no ponto de partida. Gastos. Exaustos. Tendo a certeza que a viagem que agora fizermos dificilmente não será a última. As perguntas são agora mais frequentes que as respostas. Abundam as hesitações e surgem explosões. (Oldmirror)

Be nice
or go away
...e deu-me uma crise de dicionário.
(Daqueles vícios que só confesso a estranhos visitantes.)
“Be Nice”
Nesta nova língua, faltam-me os duplos sentidos.
Li. Pensei. Reli.
“Nice girls don’t do that!”
Decidi: “Go away!”
Fechei o dicionário. Shut down o laptop. Get dress. Bad girl.
Rua (talvez) acima.
(Ou abaixo, confesso que não sei para que lado fica o Norte.)
Sonhei que atravessava o mundo até ao “away” mais próximo. Um sítio com noite, com fumo, com mesas para o café e sem esperas nenhumas.
Uma mesa só para mim, um sofá para me enterrar e me perder na melancolia de mais uma noite.
(Horas depois.)
Cigarros fumados.
Copos vazios.
Corpo dormente.
Rua (talvez) abaixo.
No regresso do “away”.
Com o sabor do sal do meu suor.
A pele molhada de mim e de um orvalho imaginário.
Sento-me na soleira da porta. O último cigarro.
Os gatos miam com o cio.
Arrepia-me aquela súplica. Cresce-me um estranho desejo.
Abandono o corpo. Perco definições.
Sussurro ao gato.
- Finge que me amas até ao sol nascer!
De olhos fechados.
O cigarro queima-me os dedos.
Incomoda-me o verbo regressar.
Uma casa vazia. Eu. Saber que ficou tudo away.

- P. Felix
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