8/23/2011

440





É impossível simplesmente viver?
A quantas regras e convenções é preciso obdecer? Quantos sonhos e desejos induzidos teremos que perseguir? Quantos precipícios e derrotas somos obrigados a evitar? Quantos gestos e palavras apropriadas iremos ter que pronunciar? Quantas tarefas e missões cumpridas serão suficientes? Quantos abandonos e esquecimentos nos pedirão? Quanto de nós nos deixarão utilizar?
Depois disso, quanta vida livre nos sobrará para, então, simplesmente viver?

(Oldmirror)

Posto assim,
não muito:
dois seres,

uma garrafa de vinho,
queijo do país,
sal, pão,
um quarto,
uma janela e uma porta,
lá fora, que chova,
chuva de longos fios,
e claro, cigarros.
Mas, ainda assim, de muitas noites
apenas uma ou duas vezes resulta,
como os grandes poemas de grandes poetas.
O mais é preparatório,
ou epílogo,
dor de cabeça,
ou espasmo de riso,
não se pode, mas deve-se,
é demasiado, mas insuficiente.
- Péter Kantór

Etiquetas:

3/25/2008

239







Acertamos os relógios, combinamos agendas, distribuimos intenções, cedemos ao inevitável. Percebemos à primeira palavra, confirmamos ao primeiro olhar, que assim seria. Compreendemos por experiência a ineficácia da resistência e o desperdício do adiar o incortornável, e isso trouxe-nos até nós, e isso trouxe-nos até aqui, sem que fosse precisa uma única palavra para adornar o sentimento. (Oldmirror)

DO QUE SE NECESSITA PARA A FELICIDADE ?
Posto assim,
não muito:
dois seres,
uma garrafa de vinho,
queijo do país,
sal, pão,
um quarto,
uma janela e uma porta,
lá fora, que chova,
chuva de longos fios,
e claro, cigarros.
Mas, ainda assim, de muitas noites
apenas uma o duas vezes resulta,
como os grandes poemas de grandes poetas.
O mais é preparatório,
ou epílogo,
dor de cabeça,
ou espasmo de riso,
não se pode, mas deve-se,
é demasiado, mas insuficiente.
- Péter Kantór

Etiquetas:

3/20/2008

238



A anatomia das covas proporcionada por monsieur Antony. (Oldmirror)

E houve quartos de hotel no caminho,
e todo o tipo de camas nos quartos,
e nas camas escavadas.
“Afundaram-nas, vês, com o trabalho,
com o gozo e suplício de muitos anos,
escavaram-nas, como uma cova.”
“E agora essa cama, ou seja esse buraco,
espera que venha alguém quiçá
que nela caiba exactamente.”
“Mas eu não caibo de modo algum,
porque não fui eu quem o escavou, eu não,
que cada um se deite em sua cova!”
Disse, e levantei-me de um salto.
No entanto, que boas pegadas!
Que cama tão boa, que caminho, que quarto bom.
- Péter Kantór

Etiquetas:

Estou no blog.com.pt - comunidade de bloggers em língua portuguesa
Oldmirror© 2005-2011 All Rights Reserved.