5/31/2007

204



Era ali que eu vivera mais do que alguma vez vivi ou viverei. Era ali que a existência de tudo o que transporto foi sendo desenhada e regada como o alecrim e as rosas, as camélias e as orquídeas. Foi ali que vivi, pela última vez que vivi. Era ali que os amava, a primeira vez que os amava. (Oldmirror)

A minha casa é concha. Como os bichos
Segreguei-a de mim com paciência:
Fechada de marés, a sonhos e a lixos,
O horto e os muros só areia e ausência.
Minha casa sou eu e os meus caprichos.
O orgulho carregado de inocência
Se às vezes dá uma varanda, vence-a
O sal que os santos esboroou nos nichos.
E telhados
a de vidro, e escadarias
Frágeis, cobertas de hera, oh bronze falso!
Lareira aberta pelo vento, as salas frias.
A minha casa... Mas é outra a história:
Sou eu ao vento e à chuva, aqui descalço,
Sentado numa pedra de memória.
- Vitorino Nemésio

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5/25/2007

203


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Foi uma coisa que aconteceu sem dar por isso. Não resistia, arrancava todas as últimas páginas de todos os livros que comprava e guardava-as. Coleccionava arte da qual comprava apenas os últimos trabalhos dos artistas e fazia questão de escutar apenas as últimas faixas dos CD's que ouvia. Nunca entenderam bem porque o fazia. As colecções de pedaços finais amontoavam-se pela casa e pelos escritos: um caderno com as últimas palavras de famosos já desaparecidos, uma pasta no computador com os últimos frames de filmes históricos, outra com milhares de fotografias de gente a acenar um "adeus". Há muito que sabia que a sua colecção apenas estaria completa quando lhe juntasse o seu próprio "adeus", mas nunca conseguira imaginar como seria e quem colaria o seu "adeus" no álbum de recortes e esse era o seu verdadeiro drama: deixar para trás um trabalho incompleto. Chamavam-lhe "o guardador de fins"... (Oldmirror)
This is the end, beautiful friend
This is the end, my only friend
The end of our elaborate plans
The end of ev'rything that stands
The end
No safety or surprise
The endI'll never look into your eyes again
Can you picture what will be
So limitless and free
Desperately in need of
some strangers hand
In a desperate land
Lost in a Roman wilderness of pain
And all the children are insane
All the children are insane
Waiting for the summer rain
There's danger on the edge of town
Ride the king's highway
Weird scenes inside the goldmine
Ride the highway West baby
Ride the snake
To the lake
The ancient lake baby
The snake is long
Seven miles
Ride the snake
He's old
And his skin is cold
The west is the best
Get here and we'll do the rest
The blue bus is calling us
Driver, where you taking us?
The killer awoke before dawn
He put his boots on
He took a face from the ancient gallery
And he walked on down the hall
He went into the room where his sister lived
And then he paid a visit to his brother
And then he walked on down the hall
And he came to a door
And he looked inside
Father?
Yes, son
I want to kill you
Mother, I want to.............
Come on, baby, take a chance with us
And meet me at the back of the blue bus
This is the end, beautiful friend
This is the end, my only friend
The endIt hurts to set you free
But you'll never follow me
The end of laughter and soft lies
The end of nights we tried to die
This is the end.
- Jim Morrison

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5/16/2007

202


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Conseguisse eu iluminar o destino e fa-lo-ia com um caminho de mil cores onde os olhos não se cruzassem com a negra possibilidade de encontrar a infelicidade. Soubesse eu a receita e misturaria todos os sabores do mundo para nunca a língua provar o fel deixado por um qualquer último beijo. Tivesse eu todas as chaves e abriria as portas que se fecham sempre que as costas já estão do outro lado. Falasse eu todos os idiomas para que jamais o entendimento pudesse abandonar o caminho feito em conjunto. (Oldmirror)
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Vou-te dar um presente
eu gosto de presentes
é uma caixa de jóias
é tão bonita
dentro está um anel com uma pedra preciosa
porque é tão grande?
toma
porque é tão grande?
toma
cuidado
dentro está um anel com uma pedra preciosa
mas talvez nunca o chegues a pôr no dedo
na caixa está uma serpente
para pegares no anel tens de abrir a caixa
se abrires a caixa a serpente pode picar-te o dedo
e tu podes morrer
se não abrires a caixa
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- Adília Lopes

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5/02/2007

201


[Foto on a "Strange place"]
Descobriste-me a casa e disseste-me "olá". Cuidado, que aqui na escuridão são carinhos suficientes para que desperte a paixão. Um qualquer sorriso poderá fazer ruir estas paredes, um qualquer abrir de braços secará todas esta humidade, um qualquer tocar mais fundo dissipará o fumo que me protege. Definiste-me a roupa e ofereceste-me o olhar. Cuidado que aqui no fim do mundo são carinhos suficientes para que acredite uma vez mais que há uma estrela chamada Sol. Partirá esta pedra se a música for mais doce, baterá o coração se o sangue voltar às veias, morrerá este animal se no espelho não o vires. (Oldmirror)
Ainda que fossemos surdos e mudos como uma pedra, a nossa própria passividade seria uma forma de acção.
- Jean Paul Sartre

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