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[Foto by Oldmirror. Irlanda.03]
Vinte quilómetros. Não posso mais. As pegadas que deixei na areia mal comecei a andar já foram roubadas pela espuma fria de um mar de pouca cor. Não vi ninguém. Não procurei ninguém. Já não escuto o barulho das ondas porque o vento não me deixa. Já não sinto a dor da alma porque o frio trespassa-me o corpo cansado que seguiu o conselho de Régio: "A pouco e pouco, vou chegando, não sei a quê." Não cheguei ainda. Deixo-me cair de joelhos na areia que me parece morna. Encosto-lhe a cara. O mar não repara, faz demasiado nevoeiro. Escuto os segredos das gaivotas. Espreito o colar de brilhantes do farol. Quase toco na tímida vaga que, a medo se aproxima para logo se esconder. O mapa traçados pelas nuvens diz-me para seguir. Obedeço. Para onde vou? (Oldmirror)
O mar era de perto e reclinado.
Egeu ou de um vermelho
que recordava vinhas,
carrreiros que pudesse adormecer.
E sonhar duas mãos, umas sandálias.
Ulisses disfarçado.
"Fica", pedira ela.
E o bastidor explodira-se
em imagens.
- Ana Luísa Cabral
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